Através de uma leitura no livro Teoria do conhecimento, de Johannes
Hessen, podemos afirmar que: “Chama-se racionalismo (de ratio, razão) o ponto de vista epistemológico que enxerga no
pensamento, na razão, a principal fonte do conhecimento” (2003, p. 48), no qual
esse conhecimento deve apresentar-se: claro, distinto e evidente, de forma que
seja necessário, e com validade universal, o necessário, além de se satisfazer
por si só, é lógico, com todo conhecimento matemático, por tanto o pensamento é
a verdadeira fonte do conhecimento.
O Racionalismo apresenta-se antes de chegar ao Racionalismo
Moderno, ou Racionalismo Imanente, como denomina Hessen, ao discutir o
Racionalismo iniciado por Descartes, são eles o Racionalismo Transcendente, que
provém da doutrina platônica da reminiscência: todo o conhecimento é
rememoração, ideia dada por uma entidade transcendental. E tal pensamento
reapareceu em Plotino, neoplatonismo, em que embasará a doutrina cristã através
de uma adaptação realizada por Agostinho, nos princípios cristãos, originando
assim o Racionalismo teológico. Temos utilizados como já dito antes pelo
Hassen.
Continuando a investigação ao Racionalismo, encontramos em
Marilena Chaui, uma comparação entre os filósofos gregos e os filósofos modernos,
nos demonstrando suas diferenças e o surgimento do cristianismo, que trouxe aos
modernos, problemas que os antigos filósofos Racionalistas desconheciam. Isto
é, após o Racionalismo teológico, surge uma dicotomia entre alma e corpo, que
levaram os filósofos modernos racionalistas, à divisão, introduzido pelo
Descartes a: a Razão, mundo espiritual pensante – interno – (res cogitans), e a Matéria, mundo
material, o corpo – extensão (res
extensans).
Tal dicotomia, se torna possível a partir da distinção
realizada pelo cristianismo entre fé e razão: verdades reveladas e verdades
racionais; espírito e matéria; alma e corpo, pensamento que levou a afirmação
que o erro e a ilusão são partes da natureza humana, provenientes do caráter
pervertido de nossa vontade após o pecado original, a partir desse momento, o
cristianismo rompe com o pensamento grego, o qual afirmava que há uma ligação
direta entre o nosso intelecto e a verdade, nosso ser e o mundo.
Com esse rompimento, surge um duelo entre o pensamento e as
coisas, sobre a consciência (interior) e realidade (exterior); o entendimento e
a realidade; o sujeito e o objeto do conhecimento, esse duelo que os gregos
realizam com os modernos, passa também a sua indagação, para os gregos, era: Como o erro é possível?; E para os
modernos, era: como a verdade é possível?
E o duelo chega também à verdade, para os gregos, Aletheia: era concebida como presença e manifestação do verdadeiro
aos nossos sentidos ou ao nosso intelecto, isto é, como presença do ser em
nossa experiência sensível, ou puro pensamento; já paro os modernos, Veritas: trata-se de compreender e
explicar como os relatos mentais – nossas ideias – correspondem ao que se passa
verdadeiramente na realidade.
Ainda em Chaui, fica explícito que apesar da diferença que
os modernos defrontam com os gregos, eles retomam o modo de trabalhar
filosoficamente proposto por Sócrates, Platão e Aristóteles, qual seja, começa
pelo exame das opiniões contrárias e ilusórias para ultrapassá-las em direção à
verdade, o que me levou pensar no que Hessen havia ressaltado em Platão: “O que
lhes devemos, não é uma epistérme, mas uma dóxa: não um saber, mas meramente
uma opinião” (2003, p.50)
Referências
Bibliográficas:
CHAUI,
M. Convite a Filosofia. São Paulo: Ed. Atica, 1995.
HESSEN,
J Teoria do conhecimento. São Paulo Martins Fontes, 2003
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